sábado, 9 de janeiro de 2010

A IMPERMANÊNCIA E OS CICLOS DA VIDA



Um ciclo pode durar de algumas horas a alguns anos, e dentro dele pode haver ciclos longos ou curtos. Muitas doenças são provocadas pela luta contra os ciclos de baixa energia, que são fundamentais para uma renovação. Enquanto estivermos identificados com a mente, não podemos evitar a compulsão de fazer coisas e a tendência para extrair o nosso valor pessoal de fatores externos, tais como as conquistas que alcançamos.

Isso torna difícil ou impossível para nós aceitarmos os ciclos de baixa e permitirmos que eles aconteçam. Assim, a inteligência do organismo pode assumir o controle, como uma medida autoprotetora, e criar uma doença com o objetivo de nos forçar a parar, de modo a permitir que uma necessária renovação possa acontecer.

Enquanto a mente julgar uma circunstância "boa", seja um relacionamento, uma propriedade, um papel social, um lugar ou o nosso corpo físico, ela se apega e se identifica com ela. Isso faz você se sentir bem em relação a si mesmo e pode se tornar parte de quem você é ou pensa que é.

Mas nada dura muito dessa dimensão, onde as traças e a ferrugem devoram tudo. Tudo acaba ou se transforma: a mesma condição que era boa no passado, de repente, se torna ruim. A mesma condição que fez você feliz agora faz você infeliz. A prosperidade de hoje se torna o consumismo de amanhã. O casamento feliz e a lua-de-mel se transformam no divóricio infeliz ou em uma convivência infeliz.

A mente não consegue aceitar quando uma situação à qual ela tenha se apegado muda ou desaparece. Ela vai resistir à mudança. É quase como se um membro estivesse sendo arrancado do corpo.

Isso significa que a felicidade e a infelicidade são, na verdade, uma coisa só. Somente a ilusão do tempo as separa.


 NÃO OFERECER RESISTÊNCIA À VIDA,




 é estar em estado de graça, de descanso e de luz. Nesse estado, nada depende de as coisas serem boas ou ruins.

É quase paradoxal, mas, como já não existe mais uma dependência interior quanto à forma, as circunstâncias gerais da sua vida, as formas externas, tendem a melhorar consideravelmente. As coisas, as pessoas ou as circunstâncias que você desejava para a sua felicidade vêm agora até você sem qualquer esforço, e você está livre para apreciá-las enquanto durarem.

Todas essas coisas naturalmente vão acabar, os ciclos virão e irão, mas com o desaparecimento da dependência não há mais medo de perda. A vida flui com facilidade.

A felicidade que provém de alguma coisa secundária nunca é muito profundo. É apenas um pálido reflexo da alegria do Ser, da paz vibrante que encontramos dentro de nós ao entrarmos no estado de não-resistência. O Ser nos transporta para além das polaridades opostas da mente e nos liberta da dependência da forma. Mesmo que tudo em volta desabe e fique em pedaços, você ainda sentirá uma profunda paz interior. Você pode não estar feliz, mas vai estar em paz.

ECKHART TOLLE