segunda-feira, 5 de julho de 2010



A EVOLUÇÃO DA FORMA


Toda forma que vês

Tem seu arquétipo no mundo sem-lugar.

Se a forma se desvanece, não importa,

Permanece o original.

As belas figuras que viste,

As sábias palavras que escutaste,

Não te entristeças se pereceram.

Enquanto a fonte é abundante,

O rio dá água sem cessar.

Por que te lamentas se nenhum dos dois se detém?

A alma é a fonte,

E as coisas criadas, os rios.

Enquanto a fonte jorra, correm os rios.

Tira da cabeça todo o pesar

E sorve aos borbotões a água deste rio.

Que a água não seca, ela não tem fim.

Desde que chegaste ao mundo do ser,

Uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.

Primeiro, foste mineral;

Depois, te tornaste planta,

E mais tarde, animal.

Como pode ser isto segredo para ti?

Finalmente foste feito homem,

Com conhecimento, razão e fé.

Contempla teu corpo - um punhado de pó -

Vê quão perfeito se tornou!

Quando tiveres cumprido tua jornada,

Decerto hás de regressar como anjo;

Depois disso, terás terminado de vez com a terra,

E tua estação há de ser o céu.

Passa de novo pela vida angelical,

Entra naquele oceano,

E que tua gota se torne mar,

Cem vezes maior que o Mar de Oman.

Abandona este filho que chamas corpo

E diz sempre "Um" com toda a alma.

Se teu corpo envelhece, que importa?

Ainda é fresca tua alma.




- Rumi -

(Texto extraído do livro "Poemas Místicos", do brilhante poeta sufi Jalal Ud-Din Rumi; Editora Attar).

(Wagner Borges)

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